'EU GRITAVA, MAS ELES NÃO ME OUVIAM', DIZ SOBREVIVENTE DE TRAGÉDIA NA MUZEMA

Luciano dos Santos voltou ao local para saber dos vizinhos e tentar buscar documentos Foto: Priscilla Aguiar Litwak

Sobrevivente no desabamento dos prédios na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio, o chef de cozinha Luciano Paulo dos Santos, de 38 anos, voltou ao local neste sábado para tentar recuperar documentos e saber notícias de vizinhos que ainda estão desaparecidos. Ele chegou a ver o prédio ao lado desabar e acredita que só conseguiu sobreviver por morar no último andar.

— Estava me arrumando para ir trabalhar, quando vi o prédio do lado cair. Corri para o corredor e o prédio desabou. Sobrevivi porque estava no último andar — relatou Luciano, que é de Minas Gerais, mora no Rio desde 2010 e vivia no prédio desde setembro.

Luciano pratica ioga e contou que usou sua experiência para conseguir se manter calmo durante as quatro horas que ficou sob os escombros:

— Ouvia vozes dos bombeiros, das pessoas, gritava, mas eles não me ouviam. Além de orar, usei a respiração que aprendi na ioga para manter a calma. Não tinha espaço nem para frente nem para os lados. Fui cavando até que estiquei o braço e os bombeiros me viram.

O coronel Luciano Sarmento, coordenador de Operações do Corpo de Bombeiros, disse que, apesar do tempo, ainda há possibilidade de vítimas serem resgatadas com vida:

— O tempo é o nosso maior inimigo, mas estamos trabalhando sem parar. Há informações de pessoas que sobreviveram a outras tragédias por sete dias em escombros. Vamos trabalhar sem parar para encontrar sobreviventes.

Até o início da tarde deste sábado, os números de vítimas são: sete mortos, dez feridos e 17 pessoas desaparecidas.

FONTE : extra.globo