ÒRÌSÁ YEMOWO - A ESPOSA DE OBÀTÁLÁ

Para começarmos a compreender mais sobre Yemowo, precisamos entender que Yemowo e Yemọja não são as mesmas divindades. Yemowo é uma divindade cultuada no rio junto com os demais ritos de Ọbàtálá, pois em Ifé, antigamente, mulheres de alta reputação e virgens, iam todas as manhãs aos rios, com o pote de Ọbàtálá, pegar água nos rios para ele, pois Ọbàtálá é uma divindade que precisa até os dias atuais, de água recente, assim como o inhame. Ele não come inhame passado, o inhame tem que ser fresco.

Yemowo é um Òrìṣà que sempre virá junto de Ọbàtálá. Uma comparação que é legal a ser feita é em questão de Ògún e Òsóòsí, pois nas famílias de culto à Ògún, sempre há Òsóòsi, tal como, nas famílias de Òsóòsí, ter Ògún. Em algumas famílias, Ògún e Òsóòsí admitem figura de irmãos, ambos do sexo masculino, em outras famílias, Òsóòsí é tido como Òrìsà feminino (Obirin).

Yemowo, em nosso país, foi aglutinada ao culto de Yemọja por alguns motivos simples e, que, até hoje, nos trazem problemas. No Brasil, com uma popularização ávida e cada vez mais crescente do falso Ìtàn (lenda/história) de Àrá-Gbona (Airá Gbona) ter carregado Ọbàtálá nas costas até Ifé, onde a esposa do mesmo - Yemọja - o aguardava. Esse ocorrido é desconhecido em terras Yorùbás, pois eles acreditam que Àrá-Gbona nunca carregou alguém, tal como, Ọbàtálá, nunca foi preso por Ṣàngó. O Pai de Ṣàngó nunca foi Ọbàtálá, mas sim, Oranmiyan e Torosí. Yemọja, em terras Yorùbás, é cultuada nos rios, tanto que uma de suas tantas saudações conhecidas, é Odoyá - Ọdọ + Ìyá - Senhora dos rios ou Mãe dos rios.

No Brasil, após a chegada do culto de Yemọja junto com os negros africanos que vieram em condições escravas, o nome Yemọja foi desdobrado e ficou da seguinte forma: Yeye Ọmọ Ẹjá - Mãe dos Filhos Peixe ou Mãe cujos filhos são peixe. Ao perceber isso, muitos pescadores começaram a cultuá-la, devido a escassez de peixes em uma praia em salvador - Praia Rio Vermelho -, e então, com o passar do tempo, Yemọja foi sendo substituida para os mares, o problema é que um simples ritual de agrado à Yemọja no mar, foi tornando-se um culto e, aos poucos, foi colocando o culto de Yemọja no mar, algo mais brando e associando-a uma divindade Cristã-Católica "Sant'ana" ou "Santa Ana" que é considerada a mãe de Maria (genitora de Jesus Cristo).

Yemọja é a mãe cujo filhos são peixe, Yemowo é a mãe que nos cobre com dinheiro ou a mãe que contempla os filhos com a riqueza. Repare só: Yeye (Mãe) + Mi (Minha) + Owó (Dinheiro). Yemowo foi a única cônjugue de Ọbàtálá, mas não foi o único romance de Ọbàtálá, inclusive, Ẹlẹwà é uma divindade filha de Ọbàtálá com Nàná, o que comprova que Yemowo não foi a única a ter filhos com Ọbàtálá. O primeiro filho de Yemowo com Ọbàtálá foi Olufon (O Rei de Ifon).

Adendo: Omi ooo e Odoya também são saudações utilizadas para Yemowo, não tornando-se, assim, exclusivas para Yemoja e/ou qualquer outra divindade.

Texto: Página Ọbàtálá.

Fotografia: Hsm Aare Oba Ajetotoke - Ilé-Ifè - ano de 2019. Local de adoração à Yemowo em Ilé-Ifè.

Na fotografia: OOO Dada Obalesun.
Plágio é crime, respeite o autor.

Fontes:

1° -> Orisa Brasil
2° -> Obalakin Obàtálá nativo de Ifé
3° -> Pierre Verger
4° -> Márcio de Jagun
5° -> Bàbá Dhadar Faseyi
6° -> Obalesun - Ọbàtálá Agbaye - Maior Ọbàtálá do mundo.