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TRANSGÊNEROS, CIÊNCIA E CANDOMBLÉ

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A ciência avançou muito nas últimas décadas no estudo e no conhecimento sobre a transexualidade.

Hoje se sabe que a partir da décima semana de gestação as células responsáveis pela formação do feto desenvolvem a genitália.

Do ponto de vista biológico, se for formado um pênis, será menino, se uma vagina, uma menina.

Pesquisas recentes identificaram que é na vigésima semana de gestação que a parte do cérebro responsável pela identidade de gênero é formada.

Identidade de gênero é como a pessoa se aceita.

Se coincidir o sexo biológico com a identidade de gênero formada no cérebro, o indivíduo será considerado cientificamente cis gênero, isto é, ele se reconhece no sexo que foi formado.

Se houver conflito entre a identidade de gênero e o sexo biológico definimos o indivíduo como transgênero.

Resumidamente, transgênero, segundo a ciência, é a pessoa que não se reconhece no sexo biológico porque seu cérebro ao ser formado foi incongruente com seu corpo.

A ciência fechou questão que a transgeneridade nada tem a ver com o meio social e é uma questão biológica e depende exclusivamente de questões hormonais que atuam no feto por ocasião da sua formação.

Tanto o Conselho Federal de Psicologia como o Conselho Federal de Medicina em comunicados oficiais definiram , e em sintonia com as descobertas científicas amplamente aceitas e comprovadas, que os transtornos de personalidade de gênero não é uma doença, mas sim uma formação biológica natural que deve ser aceita e respeitada como tal.

Inclusive, e apenas à título de informação, a exemplo do que já ocorre em muitos países, já se tem no Brasil alguns centros de referência médica para o apoio e acompanhamento de transgêneros.

Em São Paulo, o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas da USP diagnostica, acompanha e dá todo o apoio ao transgênero criança, jovem e adulto.

No caso das crianças, que já somam quase 500 sendo atendidas atualmente no Hospital de Clínicas da USP, o diagnóstico médico é feito a partir dos 4 anos, e elas e suas famílias seguem recebendo todo apoio necessário até que se tornem adultos e todas as transformações do sexo biológico sejam compatibilizados com a identidade de gênero dos indivíduos.

A sociedade brasileira, por falta de informação, por preconceito e sobretudo, por influência religiosa, não aceita transgeneridade como um fenômeno natural, preferindo tratá-la, ainda, como desvio de conduta, promiscuidade ou libertinagem sexual do indivíduo.

Na maioria das religiões, os transgêneros ainda sofrem preconceitos e restrições que impedem sua aceitação, sobretudo nas igrejas católicas e evangélicas.

No Candomblé, uma religião considerada mais plural e com menor índice de rejeição, quando aceitos, os transgêneros sofrem restrições e limitações de conduta, como é o caso das vestimentas.

Em muitas casas de Candomblé os transgêneros são obrigados a se vestirem de acordo com seu sexo biológico, em total desrespeito à identidade de gênero do indivíduo.

A desinformação e a falta de conhecimento sobre a transgeneridade, principalmente de que ela existe não por opção, mas exclusivamente por fatores naturais, ainda causam situações desnecessárias e impróprias, marginalizando os indivíduos transgêneros.

Portanto, é de fundamental importância que esta discussão seja imediatamente levada às casas de Candomblé para que conceitos e opiniões sejam revistos e os indivíduos transgêneros sejam naturalmente aceitos e sua condição plenamente compreendida e respeitada.

O preconceito e a desinformação, mas do que nunca, tem que ser combatidos para evitar que a injustiça se perpetue em nosso meio.

O Candomblé precisa estar atento a esta realidade e dar um passo à frente nesta questão.

FONTE : Diego Campoz

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