AGORA APÓS DESCANSAR, TENHO MUITO PRA CONTAR .. DIZ ETEMI FLAVÍA D' OSUN

Foram meses de trabalho, meses de dedicação para realizar junto dos meus pares o PRESENTE À Iemanja Sepetiba e preciso confessar: não foi nada fácil! Trabalhar na coordenação geral implica na capitação de recursos ( já que não temos apoio financeiro de nenhum político nem de nenhum órgão público nem privado), significa apelar pros amigos e contar com os religiosos que acreditam em mim e no evento. Significa ter que pedir a ajuda do vereador local, nesse caso Vereador William Coelho, e por ser ele uma pessoa nascida no bairro e que sabe da importância desse evento na região, ajudar emprestando o clube com som e o caminhão de som mas sabendo que essa nunca foi a obrigação de nenhum vereador, ou seja, contar com a amizade dele. Significa passar horas do dia correndo atrás de grupos culturais para abrilhantar a festa, sabendo que alguns como o Afoxé Oju Orun, Priscila e Babá Ronaldo já são parceiros há anos. 



É estar divulgando e administrando a mídia virtual várias vezes por semana até a data do evento, implica em ficar pelo grupo Sacerdotal e GT do evento( whatsapp) o tempo todo pedindo que ajudem no compartilhamento do convite. Significa visitar outros eventos para que também possamos ser visitados, ficar junto da parte gráfica encontrando a melhor Lôgo, o melhor texto. Coordenar um evento significa sair pra comprar tudo que precisa e ainda colocar do bolso, fazer o esposo ( coordenador de logística ) ficar de cima pra baixo e de baixo pra cima, gastando tubos de combustível pra resolver "pepinos" e ainda colocar do bolso também porque a verba que entrou já acabou; é conversar com o presidente do bloco que faz ensaio na madrugada do evento no clube pra tentar conseguir uma melhor forma para de manhã não nos depararmos com um clube pós pré carnaval ( pensem...). 



Coordenar um evento é dar conta e prestar contas, é alugar mesas e cadeiras, é contratar vigia pra tenda, arrumar um amigo pra emprestar uma tenda e na hora do evento o vigia ir embora antes da hora e a tenda rasgar e durante a festa arrumar outro vigia e contratar ( aí já pagando), outra tenda ( ainda que menor) pra que as pessoas não dançassem debaixo de um sol quente; e isso tudo sem que as pessoas percebessem. É esperar o gelo que disseram que iam doar e na hora H o gelo não chegar e olhar no meio da festa pra alguém de confiança ( nesse caso Huntó Mauro, meu Ogan) e dizer : arruma agora 10 sacos de gelo pra mim e dá um jeito de colocar as águas pra gelar só pra que as pessoas possam ter uma água fresca pra beber na caminhada. 

Coordenar um evento é se preparar espiritualmente e psicologicamente pra tudo isso e ainda estar plena pra sorrir e receber a todos com amor e carinho porque afinal todos estão para louvar a rainha do mar, a grande mãe Iemanjá e não para resolver problemas. Coordenar um evento com a proporção gigantesca do presente a Iemanjá em Sepetiba é ter um Corpo Sacerdotal amigo que chegou junto nas doações e também com ajuda financeira, é saber agradecer cada gesto, cada item recebido, cada amigo que se dispôs a ajudar, é agradecer aos meus filhos de santo, a família Kwe Cejá Oyá Igbalé pelo apoio, e a todos os coordenadores que se empenharam junto também de seus filhos de santo, cada um na sua função... É entender que através desse evento podemos fazer algo maior e trazer um projeto de Mestrado ( nesse caso do Babazinho Rodrigo Carneiro) pra dentro e com isso passar consciência ambiental, ajudar na construção de uma nova mentalidade ecológica do nosso povo; é trazer uma boa notícia enfim para o povo de axé através de uma conversa que eu tive no meio do Evento religioso à Iemanja mais antigo ( Gandhy) com o Secretário de Turismo do Estado do RJ - Capadócia, e ele atender meu pedido e vir no nosso evento anunciar que agora a festa à Iemanjá está no calendário do Estado do Rio de Janeiro. Coordenar implica em ser plural e justa sem discriminar nem preterir ninguém. Implica em aplaudir a mídia que nos apoia e agradecer por cada imagem, cada vídeo , cada texto; porque sim, precisamos da imprensa. Significa ainda fazer todo o trajeto na madrugada do evento a pé, pedindo a Exu ( Etemí Regina estava junto e sabe como), proteção aos religiosos nessa caminhada, para que ninguém se machuque, ou se fira no percurso, é rogar que ele abra e cuide dos nossos caminhos; voltar pra casa e não dormir porque a preocupação e o senso de responsabilidade é gigante.


É ainda voltar no dia seguinte ao clube pra limpar banheiros e organizar o clube porque afinal ele foi emprestado e está sob a responsabilidade de quem coordena devolver limpo.




Não, não é fácil, não tem nada pronto, não tem nada certo, cada ano é uma surpresa e um desafio; a única certeza é a fé e o motivo de estar realizando: gratidão . Ser grata a Iemanjá por tudo que ela e Olokun me proporcionam, ser grata por através da Baía de Sepetiba saber que saem tantos pescadores e trazem pra casa pelo mar seus alimentos, é agradecer pela terra onde está estabelecido meu axé, é sentir a fé e o amor das pessoas por essa divindade tão importante quando a caminhada passa pelas ruas, é ver o quanto somos resistentes e lindos juntos, o quanto valeu a pena o sacrifício pela senhora das águas porque ela nunca nos desampara e sabe das dores de cada um de nós. 

Enquanto eu puder e Iemanjá quiser, eu continuarei; com todas as dificuldades e motivos pra desistir, mas com 1 motivo pra continuar: meu amor por Iemanjá.




TEXTO DA COORDENADORA Etemí Flávia de Osun