ELÉNÌNÌÍ E AJOGUN – OS INIMIGOS OCULTOS E DECLARADOS DA HUMANIDADE - TVR USM

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ELÉNÌNÌÍ E AJOGUN – OS INIMIGOS OCULTOS E DECLARADOS DA HUMANIDADE


À primeira vista, muitos se apavoram em saber da existência de espíritos malignos que podem nos prejudicar. É fato que eles atrapalham a vida das pessoas, mas na concepção africana , esses espíritos fazem com que exista o equilíbrio natural, a simetria entre mundos e poderes.

Os africanos denominam Elénìnìí como a Divindade do Infortúnio que tem como principal função neste mundo, aniquilar e colocar obstáculos as oportunidades de sucesso aos seres humanos. Embora considerada a Divindade dos e a mais velha divindade do òrún, Elénìnìí descodificou os segredos do Obí.

Isso é evidenciado, por exemplo, no jogo do Obì, no qual existe uma caída que reflete a harmonia perfeita, na qual duas faces internas do Obì caem voltadas para baixo e duas para cima, sendo que os sexos dos gomos do Obì caem divididos para baixo e para cima harmoniosamente. Na cultura africana essa caída representa a simetria perfeita, pois o negativo e positivo estão em consonância, bem como o feminino e masculino.

Dessa forma, embora malignos e terríveis, a existência dos Ajoguns motiva as energias positivas a circularem no mundo. Essas energias positivas são estimuladas por meio dos sacrifícios (Ebó) que são prescritos por Sacerdotes, que o revelam por meio do oráculo.

Os Ajoguns são forças muito negativas, que tem como objetivo causar doenças, acidentes, brigas, discórdias. Por isso, quando há sacrifícios, é comum cantarmos pedindo para que a água (elemento mais puro e benéfico que existe) cubra e mate as discórdias (bomi pa ejo), cubra e mate as doenças (bomi pa arun), cubra e mate as maldições (bomi pa epe), etc. Em verdade, estamos pedindo para que a água cubra e mate os poderes malignos do mundo, os Ajogun.

Diferente das Divindades que moram nos espaços do céu , regressando a terra por meio da manifestação, os Ajogun moram na terra e não no céu . Isso acontece, pois os Ajoguns não conseguiram causar males no mundo dos Deuses. Ou seja, os Ajogun moram na terra, pois aqui, diferente do céu, eles conseguem espalhar os males de forma indiscriminada.

Os Ajoguns estão sempre à espreita, esperando um momento adequado para atuar. Por isso, é muito importante que as pessoas sempre se cuidem, por meio de oferendas, banhos e o que mais for necessário, conforme prescrição do Sacerdote.

Quando algo de ruim surge no mundo, por exemplo, uma nova doença, isso certamente foi motivado por Ajogun, entretanto, quando uma grande descoberta em benefício à sociedade surge, foi motivada pelas forças positivas que sempre prevaleceram, como os Òrìsàs.

Por diversas vezes, já discorremos sobre a importância da realização dos sacríficios prescritos, sobre a importância de não quebrar tabus (Ewó/Kizilas/Huso), uma das razões para termos falado bastante sobre esses temas, foi justamente para se entender que essas ações atacam os poderes dos Ajoguns.

Quando, por exemplo, uma pessoa quebra um tabu, ela está ajudando e dando forças ao Ajogun. O mesmo ocorre quando o sacerdote prescreve um sacrifício que é negligenciado, a pessoa está dando forças ao Ajogun. O seres malévolos são conhecidos coletivamente como Ajogun – Guerreiros contra os Homens que segundo a tradição abrange os Òfò – Prejuízos, Ègbà – Paralisia, Èjò – Problemas, Èpè – Maldição, Èwòn – Prisão, Èse – qualquer outro maleficio que possa afetar os seres humanos, entre outras energias maléficas. 

Entre os Inimigos dos Homens estão as Àjé – Bruxas e os Osó – Bruxos que utilizam seus poderes para fins maléficos. Dentro da Cultura africana acrescenta, ainda nesse hall Àrùn – A Doença e Ìkú – A Morte, mas a morte pré-matura e não a morte natural. Alguns mitos relatam Àrùn como a esposa de Ìkú e que através desse casal mítico nasceram todas as enfermidades existentes no mundo, que conseguiram escapar do mundo sobrenatural, pois lá não tinha poder algum e muitos de seus filhos ainda se mantém enclausurado no céu , esperando uma oportunidade para se estabelecer na terra.

Afim de mantermos afastados esses poderes sobrenaturais ruins de nossas vidas, existe a necessidade de se manter em harmonia com os poderes sobrenaturais bons, que são obtidos e fortalecidos através das oferendas e dos sacrifícios as divindades que prestamos culto, sobre tudo os Ritos de Orí. Aquele que se mantém em harmonia entre os dois mundos ceu –terra, poderá contar com esses poderes benevolentes, que o protegerão contra os planos perversos dos poderes do mal.

Somos marcados por Elénìnìí, pelo polegar! Este polegar marcou toda a nossa coluna desde o osso que acompanha o crânio até ao cóccix. Elénìnìí também é conhecida como Ye Mwow; Emowuo esposa de Obatalà, e verdadeiro casal inseparável. Emowuo não tem nada haver com Yemonjà.

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