MÃE DE SANTO RELATA QUE FOI IMPEDIDA DE ENTRAR NO HOSPITAL CARLOS CHAGAS PARA ATO RELIGIOSO EM PACIENTE - TVR USM

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MÃE DE SANTO RELATA QUE FOI IMPEDIDA DE ENTRAR NO HOSPITAL CARLOS CHAGAS PARA ATO RELIGIOSO EM PACIENTE

 


Durante cerca de quatro horas, Iya Paula de Odé diz tentou convencer os funcionários, que negaram; ela registrou um boletim de ocorrência e caso é investigado como intolerância religiosa


Uma mãe de santo foi impedida de prestar atendimento religioso a um paciente no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A negativa aconteceu na noite desta quarta-feira (2). Quem estava presente registrou a indignação em vídeo.

A religiosa Ana Paula Santana de Souza, conhecida como Iya Paula de Odé, contou que foi proibida de entrar na unidade para fazer um ritual em um paciente.

"Eu teria que fazer um ebó, passar um pano, um murim branco em qualquer parte dele. O hospital não quis nem saber como seria para facilitar. A advogada da religiosa, com muita insistência, explicou o passo a passo de como seria feito a direção da unidade. Levaria meio minuto", conta. Entretanto, nem com a instência, a unidade não deixou.

A líder religiosa, que tem um terreiro de candomblé em Guapimirim, na Baixada Fluminense, diz que esteve junto com a mulher do paciente no dia da internação e que mesmo assim foi proibida de entrar nesta quarta no Carlos Chagas.

O ritual religioso seria feito em Jerónimo Rufino dos Santos Júnior, que é filho de santo de Ana Paula, e, que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 31 de outubro durante a comemoração do seu aniversário de 39 anos. Ele está em estado grave.

Após esperar mais de quatro horas do lado de fora do hospital, a mãe de santo registrou um boletim de ocorrência na 30ª DP (Marechal Hermes) e também denunciou o caso à Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O caso está sendo investigado como intolerência religiosa.

Em depoimento, Ana Paula contou que apenas sua advogada teve permissão para entrar no hospital. Ela também disse que relatou a importância de o trabalho ter sido feito ontem e que o diretor comunicou que a receberia apenas nesta quinta (3), as 8h, para decidir se iria liberar ou não o ritual.

"Ele tinha várias comorbidades. Daí a urgência em intervir. Poderia ter feito mais e não consigo pela intolerância religiosa. Eu queria falar pra família: 'fizemos tudo o que foi possível'. Essa dor que a gente está sentindo vai se transformar em luta, não vai parar", contou.
Uma lei federal de julho de 2000 assegura o livre acesso de líderes religiosos aos hospitais da rede estadual e privada para dar atendimento aos internados. Por sua vez, o Código Penal prevê multa e detenção a quem impeça a prática de culto religioso.

A TV Globo tentou falar com o diretor do Hospital Carlos Chagas, o médico Paulo Reis.

A mãe de santo condenou a negativa e lembrou que a direção da unidade chegou a chamar uma viatura da Polícia Militar para impedir a sua entrada.

"O bom senso, a humanidade perante uma outro ser humano que eu tô reclamando. E isso tudo se resume a uma palavra: 'racismo religioso'. Se fosse um padre, um pastor, isso não aconteceria. Mas, porque vem de uma macumbeira, uma mulher preta, que chega um monte de gente preta na porta de um hospital, que tem que chamar uma patrulhinha pra gente. Sabemos onde está a nossa lei, onde a lei nos ampara. Agora começamos e vamos até o fim dessa luta". 


 

Em nota, a direção do Hospital Estadual Carlos Chagas afirmou que todos os representantes religiosos têm acesso às dependências da unidade. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde alegou que a líder religiosa precisava de uma autorização da família e que ela chegou ao local à 0h e sem nenhum parente. Por fim, a direção da unidade informou que está à disposição para prestar qualquer esclarecimento.




FONTE : G1

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