VAI NA FÉ QUEBRA TABUS E EMOCIONA WEB AO RETRATAR DE FORMA INÉDITA RITUAL DE CANDOMBLÉ; VEJA - TVR USM

Breaking News

VAI NA FÉ QUEBRA TABUS E EMOCIONA WEB AO RETRATAR DE FORMA INÉDITA RITUAL DE CANDOMBLÉ; VEJA

Ben tem primeiro contato com o candomblé em Vai na Fé — Foto: Globo


Roteirista Pedro Alvarenga explica ideia de falar sobre a ancestralidade de Ben e desmistificar as religiões de matrizes africanas ao abordar tema com respeito e sem ressalvas


O que é fé para você? Em um dos principais dicionários da língua portuguesa, fé é a convicção da existência de algum fato, credulidade, crença. Dentro de cada um nós, porém, a fé é individual, subjetiva, é algo que nos move, inspira e fortalece. E são essas particularidades, essas formas diferentes de enxergar a fé, que a novela - não à toa - chamada Vai na Fé tenta trazer ao público a cada capítulo.

Tida por muitos, antes da estreia, como uma novela evangélica, a trama de Rosane Svartman emocionou pessoas das mais diversas religiões no capítulo de sexta-feira, 24/02. Ao reproduzir, de forma inédita, um ritual do candomblé, o Amalá de Xangô, uma celebração ao orixá do fogo, a novela das 7 mostrou que fala sobre fé, seja ela qual for.

A cena

Elogiada não apenas pelo público, mas também pela crítica especializada, a cena foi escrita pelo roteirista colaborador Pedro Alvarenga e dirigida pela diretora Juh Almeida, ambos candomblecistas e, coincidentemente - ou não -, filhos de Oxóssi. Na sequência, Ben (Samuel de Assis), que vem tentando entender o porquê de ter sido o único sobrevivente do acidente que matou Carlão (Che Moais), tem o seu primeiro contato com a religião africana ao procurar a família de uma das vítimas. Veja a cena completa no vídeo acima!


“Cheguei numa boa hora?”, pergunta Ben.


“A gente nunca se atrasa para o que é nosso”, responde Mãe Ana de Oyá.


Surge uma ideia

Autora de Vai na Fé, Rosane Svartman possui uma equipe de roteiristas colaboradores e, em cada reunião de equipe, cada um pode e deve levar sua contribuição. Foi em uma dessas reuniões que o jovem Pedro Alvarenga sugeriu que Ben participasse de um ritual de candomblé como parte da busca do personagem por um sentido para sua vida, especialmente após o acidente.

“A ideia foi muito bem recebida pela mesa e pela Rô (Svartman). Eu escrevi, mas todo nosso texto é muito coletivo. Sou do candomblé, sou filho de Oxóssi, e a Rô me deu uma liberdade absurda para escrever. A única coisa que ela falou é que queria uma cena bonita e respeitosa”, conta ele.

De vermelho, ao lado de Rosane Svartman, Pedro Alvarenga posa com a equipe de roteiristas e os protagonistas Samuel de Assis e Sheron Menezzes — Foto: Reprodução

Pertencimento

Pedro Alvarenga lembra que Benjamin é um homem negro, advogado e bem-sucedido, que sempre se sentiu diferente nos ambientes em que frequenta. E é aí que entra a busca dele pela ancestralidade representada pela cena do candomblé, uma religião de matriz africana.

“Benjamin é um personagem muito especial para mim. Além de ser um homem negro bem-sucedido, ele traz questionamentos importantes. Pra mim fez muito sentido que a religiosidade afro atravessasse o caminho dele, pelo que ela tem de mais importante que é a ancestralidade. A cena foi sobre ancestralidade, sobre o Benjamin se encontrar como alguém que faz parte de algo. O Benjamin sobreviveu a um acidente, e ali ele encontra o fogo da vida. E o que é o fogo da vida? É o sentido. O pertencimento a uma comunidade, a uma ancestralidade, a uma tradição”, explica o roteirista.

Ben tem encontro com Carlão que o marca após acidente em Vai na Fé — Foto: Globo

Respeito

“Pessoa de axé, candomblecista e contador de histórias”, como ele mesmo se define, Pedro Alvarenga ressaltou a importância de trabalhar pelo fim à intolerância religiosa e pregar o respeito ao candomblé e a todas as outras religiões na TV aberta.

“Ao mostrar o candomblé, as religiões afro, nós queríamos fugir da mistificação, o estigma, e a Juh Almeida foi genial. Ela leu e criou uma cena muito clara, que não quer esconder nada. As religiões afro precisaram se fechar por perseguição durante um longo período da nossa história e ainda sofrem perseguição. Foi fundamental ter essa conversa com o Brasil. De que aquele é um lugar de respeito, de pertencimento, que merece ser retratado como todos os outros lugares de religiosidade”, afirmou, emocionado.

Ben se inicia no candomblé em ritual em Vai na Fé — Foto: Globo

Emoção

Quem também se emocionou com a toda a repercussão positiva da cena e, principalmente em poder protagonizar o candomblé sendo tratado com respeito na TV, foi o ator que dá vida a Benjamin, Samuel de Assis.

“Fiquei muito emocionado mesmo, foi uma sequência muito importante para mim. É muito bonito ver a nossa religião sendo tratada com tanto respeito. Queria agradecer”, comentou o ator, que recebeu milhares de mensagens sobre sua atuação.

Ben se emociona após ritual de candomblé em Vai na Fé — Foto: Globo

E, como a ialorixá diz a Ben na cena ao fim do ritual, que possamos ouvir mais nossos corações para saber onde é o nosso lugar.

“Nossa única obrigação é a felicidade. Lembra dos atabaques tocando enquanto Xangô dançava? Onde você ouvir seu coração tocar daquele jeito, bater daquele jeito, você pode acreditar que ali é o seu lugar.”

Vamos na Fé!

O figurino da mãe de santo na cena do ritual de candomblé vivido por Ben em Vai na Fé — Foto: Globo



Nenhum comentário