ÒGÚN - GUERREIRO FORJA

Ògún — Guerreiro
Forja
Primordialmente chamado de Aganganran-ní-mòrun, o “Veloz Enviado do Céu”, ou de Àsiwáju, Aquele veio à frente abrindo o caminho para os demais Òrísà(s). Ògún é uma Divindade que veio das Estrelas ou de algum ponto do Universo e para o povo do Culto (mesmo) é um Òrísà de prosperidade, sabedoria e criatividade. Está associado ao ferro, elemento essencial à construção da maioria dos objetos que usamos na Terra, representa a polaridade masculina da própria Terra e está relacionado à força gravitacional, responsável pelo envelhecimento de tudo o que nasce e que se constrói.
É aquele a quem saudamos por Senhor dos Dois Facões. Segundo os relatos, um Ele usava para cortar a horta e o outro para abrir os caminhos na floresta densa.
Por ter vindo à Terra a frente dos demais Òrísà(s)abrindo o caminho para o Àiyé, Mundo, ganhou os Títulos de Ògún, Guerreiro ou Líder dos Imortais.
Por ser o Senhor do Caminho, tem Poder sobre o fogo, principalmente, sobre o fogo (calor) gerado pela movimentação de gente.
Anda lado a lado com Èsù, ou seja, Eles se conhecem. Pois, enquanto que Èsù é o ponto central do triângulo (Encruzilhada que atrela o Céu a Terra), Ògún representa os caminhos gerados pelo mesmo triângulo, por isto a necessidade de se manter o respeito e a amizade com essas divindades do acminho – Ògún e Èsù.
Tradicionalmente, Ògún é considerado como o Òrísà que remove os obstáculos do caminho, aguça a criatividade, ajuda a vencer as lutas do dia a dia, proporciona boa disposição física para que o Homem possa buscar a felicidade. Porém, deve-se ser cauteloso e observar cuidadosamente o caminho que se deve percorrer na vida.
- Aso Ògún -
Màrìwò - folha tenra da palmeira do dendezeiro - é a roupa de Ògún, Òsányìn e Egúngun
Ògún é uma Divindade de natureza irascível por estar associado às lavas vulcânicas, embora seja considerado pela Cultura Tradicional um Òrísà “Vegetariano” ou invés de sanguinário como pregam as culturas não originais, como, por exemplo, a cultura afro-brasileira e afro-cubana.
Logo, percebe-se que a responsabilidade de Ògún era derrubar árvores e encontrar: bananas, cana-de-açúcar, feijões e folhas para alimentar as demais Divindades.
Ògún é marido de Ògede (bananeira), pai de Kásù (cacho de banana) e de Òsányìn (folha de inhame). A folha não pertence à Òsányìn como pensam alguns, mas sim, a Obàtálá que é o Senhor das Folhas. Òsányìn apenas detém o conhecimento do remédio e das poções mágicas que podem ser extraídas das folhas... Logo, tudo o que já foi escrito sobre Òsányìn pelos antropólogos deve ser desconsiderado, pois escrevem somente o que ouvem de quem não sabe o que diz. Mesmo assim, todo o conhecimento que se tem de Ògún é graças ao conhecimento que se tem de folha. Pois, é através da folha do inhame que se conhece Òsányìn. E, através d’Ele, a origem de Ògún – o Inhame.
Isu-Ode - Inhame
Seu nome (verdadeiro) é Agan-yàn-kàn-bi-ogbe – Aquele que se Parece com uma Ferida Aberta, trata-se do único Ìmónlè (Vindo das Estrelas) da linhagem dos Ebora(s) – Demônios, a sobreviver. Os demais, por agirem mal, foram destruídos pelo próprio Olódùmarè, cabendo a Ele, Ògún, a missão de conduzir os Òrísà(s). Toda a Divindade de Natureza Caótica (Ebora) pode ser transformada em Ìmónlè (Òrísà), no caso de Ògún, este passou a ser considerado Òrísà desde dia que o Homem descobriu o ferro no meio ambiente, ou seja, conhecendo a natureza do ferro (facão), passou-se a conhecer a Natureza de Ògún.
Podemos perceber que a cada Òrísà pertence algum tipo de minério, cuja essência lhe permite dominar algum campo ou fenômeno da Natureza, e, por essa razão, cabe a Eles manter a Terra em harmonia.
Um ditado yorùbá diz:
Maneira humana;
Maneira animal;
Maneira espiritual.
Isto é para exemplificar que não há como separar o Homem do Divino, assim como não é possível separar ou arrancar dele as partículas do animal (Àyágbo - Macaco Ancestral)que lhe deu origem.
Aí é que a coisa complica porque obriga a humanidade a lutar pelo próprio desenvolvimento a fim de deixar de ter as reações ou os costumes do animal Ancestral – o Macaco. E essa mudança só poderá ocorrer com do melhoramento genético da Raça Humana através das reencarnações – ou seja, cada deve procurar fazer o melhor para poder renascer melhor(...).
Pois, quando foi decidido pelos Òrísà(s) “Criar o Ser Humano”, Asedá (Adão ou Adapa) foi Criado em cima de folhas de Mànrìwò - folhas tenras da palmeira do dendezeiro.
Màrìwò é somente a folha tenra da palmeira do dendezeiro, cuja essência é o ferro. Mas, vem da Terra, alcança o AR, se junta a Água que tem origem no Fogo. Logo, é uma folha que pode contar a história da humanidade, abrir o caminho de qualquer pessoa que saiba usá-la, porque conhece a nossa origem.
Este Asedá (Adão ou Adapa) “É” o primeiro Homem, o Princípio da Humanidade. Esse primeiro Homem Ebora - Elemento de Força Caótica próximo a um Demônio; é Ògún. Ainda assim, não podemos dizer que Ògún não seja um Òrísà de riqueza, pois enquanto outras divindades conseguem dinheiro de outras formas, Ògún “o arranca” da terra através do plantio de inhames.
No entanto, o inhame não seria tão importante se não fosse Òsányìn que conhece a Essência da Vida (folha). É dessa maneira que percebemos que Òsányìn é filho de Ògún e que suas características são iguais. Ou seja, isso significa dizer que: “O ser humano conhece Ògún através de Òsányìn; o Inhame através da folha; o Pai através do Filho”.
Isso é o que nos faz entender que: “Ògún (ferro) é a combinação de Egúngun (osso); Òsányìn (folha); folha relacionada ao Ar (respiração) é o que forma estrutura humana. Ou seja, a estrutura humana é igual à estrutura de planta ou igual à estrutura de Màrìwò. Pois, se Egúngun usa o vermelho em sua roupa (sangue) e se o Màrìwò é a roupa de Ògún e Òsányìn, é para combinar a estabilidade com a instabilidade. Enquanto que a estabilidade não fala, a instabilidade, por ter movimentos, fala.
É dessa combinação de Genes Divinos com genes animal que foi Criado na Terra, por Obàtálá, Asedá (Ògún), Adão ou Adapa. Dele, a humanidade herdou todas as características de irracionalidade, agressividade e insanidade, por se tratar de um Ser agitado, nervoso, colérico e audacioso, a crença é que Ele pode ferir e até matar!
Seus Sacerdotes estão sempre alertando:
— Ògún, mesmo tendo água em casa, banha-se de sangue.
— Em vez de roupa, Ògún cobre-se com fogo...
— Ògún é o Dono da Forja, da casa e do espaço fora dela.
Por ter sido o descobridor do Ferro e por ter construído o primeiro facão; ganhou o Título de Alagbedé - Senhor da Forja ou Ferreiro. Também é chamado de Alakáro, Senhor do Cadinho (onde os metais são fundidos), para lembrar que Ògún é como uma Ferida Aberta.
No entanto, é comum se lê Alakáro traduzido como - o Senhor do Capacete, um grande engano. O pior disso é que um segue o engano do outro causando uma grande perda a nossa Cultura, porque se perde os princípios aos quais chamamos de fundamentos – embora a Religião em si mesma não é fundamentalista.
Seu epíteto mais conhecido é Ògún Oníiré — Senhor de Iré, sendo que o “Oní” é mais importante que o Obà - Rei.
Ògún-Ònà Kíìdímòlòkò
É um Òrísà de natureza persistente, irritado e que desconhece emoções contrárias à razão, apesar dos aparentes “modos horríveis” de violências. Pois, de natureza irascível, quando toma uma decisão age imediatamente para fazer justiça, mas suas ações são sempre embasadas nos princípios de Sabedoria Plena.
Apesar de erroneamente lhe atribuírem às alcunhas de sanguinário, violento e matador..., Ògún é uma divindade resiliente, cautelosa e justa. É o nosso vencedor de batalhas! É aquele que remove os obstáculos do caminho, através, por exemplo, da fundição e da modelação do facão e de outros equipamentos agrícolas, dando-nos a disposição orgânica e a vontade de trabalhar e de lutar pela nossa sobrevivência. É sinônimo de LEI e ORDEM! É o Òrísà da JUSTIÇA! Apesar de suas características arrebatadoras, representa a aplicação da Lei incondicional. E, por saber agir imparcialmente, o Yorùbá acusado de algum delito é obrigado, em nome de Ògún, a confessar o crime ou jurar ser inocente, com uma faca entre os dentes, pois todos sabem que, se mentir, Ògún o matará em apenas três dias. Ele prefere ter um filho morto a ter um filho mentiroso, pois é a divindade que personifica o homem que não se rende as vantagens que o mundo oferece.
Embora, Sàngó, no Brasil e em Cuba, seja considerado o Òrísà da justiça, este, neste sentido, não passa um justiceiro impulsivo e tendencioso.
Ògún, na Cultura Yorùbá, representa as ideias de desenvolvimento ou de prosperidade para a humanidade e nada resiste a sua coragem quando o assunto é encontrar recursos para os seus seguidores. Coragem esta, que se encontra agregada no humano, geneticamente falando, no sulfato ferroso do fígado que é o centro das emoções e percepções do Homem.
Logo, quando há uma situação difícil a ser resolvida ou quando nos faltam à coragem e a força para continuarmos lutando, Ògún é sempre invocado para tomar a frente da questão, pois “nunca” desampara a pessoa que d’Ele precisar, basta lhe apresentar a verdade – Ògún detesta os mentirosos.
Trata-se de um Líder que conhece e domina todos os caminhos, e, se corretamente evocado, estará sempre pronto a ajudar. Vale lembrar, contudo, que Ògún não escuta a palavra de qualquer pessoa nem aceita oferenda feita de qualquer jeito.
Ele apreciava as conquistas, claro, mas não sentia prazer algum em usufruir dos resultados. Segundo os relatos, conquistou diversos reinos, mas nunca se propusera a administrá-los, pois não lhe agrava o Poder burocrático, mas sim, a ação violenta de seu Exercício que lhe permitia, com fúria, destruir aqueles que tentassem embaraçá-lo ou impedi-lo de atingir os seus objetivos.
Apesar de Ògún ter sido descoberto há tanto tempo, vale lembrar que continua sendo um mistério não manipulável – continua além do controle humano, sua Força é Ebora (Energia Demoníaca), irreprimível! Mas, se corretamente empregada, ajuda a civilizar e a expandir os limites da Humanidade.
Ògún é era um profundo conhecedor dos segredos das árvores e seu assentamento pode, hoje, ser visto ao pé de algumas delas, como exemplo, pèregún (dracena verde) ou mangoro (mangueira).
Ele é, também, o Patrono do Culto ao Egúngun Oro, que em tempos remotos era controlado exclusivamente por mulheres (Àyaba), tendo Oya por sua dirigente. Mas devido aos muitos e seguidos abusos cometidos, as mulheres acabaram sendo excluídas, pois a mulher de Oro o traiu, abortando seu filho, e Ele, revoltado, voltou para o Céu desgostoso. Hoje, somente os homens o Cultuam em lugar ermo da floresta, pois este Egúngun do Céu não suporta a presença de mulheres e pode matá-las.
Agora, dizer que as mulheres não participam do Culto a Egúngun é uma bobagem sem precedentes. Elas podem participar e, inclusive, receber mais bênçãos que os homens: ”a mulher tem charme, graça, beleza...”. Aí está o segredo ou o motivo da exclusão.
As filhas de Oya, por exemplo, são iniciadas na casa de Egúngun (...).
— Ògún-Olóde é marido de Òsóòsin - Guardiã dos Pássaros Aquáticos (Lògún-Edé).
— No Brasil, Òsóòsi não é visto como Ògún-Olóde que o Ògún relacionado ao arco e flecha. E Lògún-Edé que é Òsóòsin, é conhecido como filho de Òsóòsi e Òsun. Mas trata-se de uma divindade feminina da família dos Òrísà(s) da palha, Obàlúwàiyé e Omolulu-Òrogbo (Yewa), que são as divindades do quadrante do tempo ou do ciclo de vida e morte.
— Ògún Olobé é o Dono da Faca usada nos sacrifícios, por isto é sempre lembrado nos rituais que envolvem sangue.
— Asògún - o Guardião dos Segredos de Ògún, é o homem que sacrifica os animais destinados ao Culto, trata-se de um cargo Sacerdotal que só pode ser ocupado por filhos de Ògún, não sendo, é chamado Adébo – Sacrificador, porque não possui o mesmo conhecimento ou entendimento do significado do sangue.
Características:
Os filhos de Ògún são pessoas lutadoras, líderes natos, brigões e, às vezes, egoístas. Enfrentam as contendas de frente —, tal qual o Pai, é tudo na lata!
Não dão grande valor ao dinheiro nem ao luxo excessivo, mas gostam de viver bem e confortavelmente.
São pessoas comunicativas, mas que só dão atenção a conversas de pessoas inteligentes – odeiam conversar com quem não sabe definir os assuntos.
Não é aconselhável a ninguém tornar-se inimigo dos filhos de Ògún que dedicam ao seu Culto, pois a pessoa acabaria sofrendo muito... Pois, a visão de Ògún e de seus filhos é: “inimigo bom é inimigo morto”. São pessoas versáteis ao extremo e não sofrem com as emoções baratas. Logo, para eles, qualquer jogo faz parte do jogo.
As qualidades e os defeitos de Ògún foram transmitidos aos seus filhos através da herança genética... Desse modo, “quem sai aos seus não se degenera”.
Tabu: andar armados e bebidas alcoólicas além do limite.
Cores: Ògún é um Òrísà do vermelho, mas por torná-lo mais agressivo usam-se azul-marinho ou verde. No entanto, a sua cor Sagrada é o amarelo.
Dia: terça-feira — dia da vitória (segunda fase da Lua).
Metal: ferro combinado com a madeira para se obter um casamento perfeito.
Saudação: Ògún yè! — Ogum está vivo!
Símbolo: Àdá-méjì — dois facões.
FONTE : Dímòlòkò ( Em memória )
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