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CARURU:


O nome caruru vem de caá (folha) ruru (inchada), receita indígena feita originalmente apenas de ervas socadas com pimenta, no pilão. Os escravos africanos foram acrescentando novos ingredientes: amendoim, azeite de dendê, camarão seco, castanha de caju, cebola, gengibre, quiabo. E quanto mais quiabo tenha o caruru, mais importante é o prato. 

A receita foi depois levada de volta para África, em cada lugar recebendo nomes diferentes: calulu em Moçambique, Congo, Cabinda e São Tomé; funji de peixe, em Luanda; obbé em Nigéria e Daomé. Em muitos lugares, especialmente na Bahia (Salvador e cidades ao seu entorno), a celebração da festa de erê ou Ibejí se faz sobretudo com mesa farta, servindo-se pratos preparados com azeite (de dendê, claro), usado sobretudo em peixes, mariscos e vegetais, próprios para dias de abstinência e jejum. Entre eles abará, acarajé, bobó de camarão, efó, frigideiras, maxixadas, moquecas, vatapá, xinxim de galinha; e, principalmente, o Caruru. Reza a tradição que primeiro deve-se se servir a sete crianças (preferencialmente meninos) que o comem com as mãos, sentadas no chão.
No carurur alguns usam só quiabo, cebola, sal, camarão e azeite de dendê. Outros acrescentam castanha, amendoim, pimentão e tomate. Segundo a nutricionista Joseni França, o caruru é mesmo um prato muito rico: “O quiabo tem muito ferro, mas um tipo de ferro que para ser melhor assimilado precisa ser combinado com fontes de vitamina C, como limão, tomate, pimentão. O dendê tem o betacaroteno, que o nosso corpo transforma em vitamina A, boa para a pele e para os olhos. Já com as castanhas e o amendoim, o prato ganha em proteínas e uma forma saudável de gordura”.

CURIOSIDADES:
- Mas por que caruru para sete meninos? Segundo a peculiar tradição afro-luso-baiana, existiam sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, conta Odorico Tavares, em seu livro “Bahia – Imagens da terra e do povo”.

- A fertilidade das iorubás, que tem inclusive motivado pesquisas médicas, provavelmente é um dos motivos da importância dos santos e orixás irmãos. A Nigéria, inclusive, é o país com o maior índice de nascimento de gêmeos no mundo inteiro.

- No modo africano de homenagear os Ibeji e também outros orixás, o pedido de esmola para a preparação da comida é um ponto fundamental. A mesma tradição já existiu na Bahia, mas foi abandonada pela maioria das pessoas. Entretanto, ainda é possível encontrar quem mantenha esse costume, inclusive fora da Bahia.

- Existem várias recomendações para quem faz o caruru, que cada um escolhe obedecer ou adaptar. Quem oferece o caruru deve cortar o primeiro quiabo e, depois de pronto, colocar a comida aos pés dos santos em vasilhas novas e fazer um pedido. A galinha do xinxim não pode ser comprada morta. Durante a festa não deve ser servida bebida alcoólica. E quem encontrar no prato um quiabo inteiro deve oferecer um caruru no próximo ano.

Sugestões de leitura:

LIMA, Vivaldo da Costa. Cosme e Damião: o culto aos santos gêmeos no Brasil e na África. Salvador: Corrupio, 2005.

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