OS CUMPRIMENTOS E O QUE SIGNIFICAM, AS POSTURAS E PARA QUE SERVEM.

Se observarmos e analisarmos os rituais das inúmeras religiões existentes, encontraremos neles um sentido comum; o de invocar as Divindades, ou melhor, as Forças Espirituais. O objetivo é sempre o mesmo, a preparação de atração destas forças à corrente religiosa que a prática.
Em qualquer ritual, do mais básico ao mais espiritualizado, é certo que encontraremos atos e práticas que predispõe a criatura a harmonizar-se com o objetivo invocado, isto é, procura-se pô-lo em relação direta, mental com, os deuses, divindades, forças, santos, entidades, etc., e em todos eles, os fenômenos espiritualistas acontecem.
CUMPRIMENTOS
Bater Cabeça
O médium deita-se de barriga pra baixo e toca com a testa no chão. Bate-se a cabeça no chão em sinal de respeito e obediência aos Orixás, pois simboliza que nossa cabeça, que nos comanda e nos rege, está se subordinando ao poder dos Orixás aos quais estamos reverenciando ao tocá-la no chão, sejam os Orixás do Zelador ou da casa.
Em diversas culturas, sejam ocidentais ou orientais, baixar a cabeça perante alguém ou alguma coisa significa que estamos submissos e obedientes a esta pessoa ou coisa.
– A Cultura Tradicional do Povo Yorùbá é muito rígida no tocante a educação e respeito. Os mais jovens são ensinados a manter todo o respeito pelos mais velhos. Compreendendo que a idade é sinal de posse de experiência e sabedoria. O cumprimento dos mais jovens para com os mais velhos é um sinal de demonstração desse respeito.
No candomblé:
Dobalé = cumprimento feito por filho de santo cujo orixá (principal) dono da cabeça é masculino. Deita-se de bruços no chão (ao comprido) e toca-se o solo com a parte da frente da cabeça (testa).
Iká = cumprimento feito por filho de santo cujo orixá principal é feminino. Deita-se de bruços no chão, toca-se o solo com a cabeça e, simultaneamente com o lado direito e depois com o esquerdo do quadril no chão (na nação Ketu, as mulheres não tocam o chão com o ventre).
Nossa cultura mantém um extremo cuidado para com as crianças e mulheres. Nos cumprimentos, as mulheres não expõem ao perigo seus seios ou ventre. Esse costume de cumprimentar deitando-se ou ajoelhando-se foi mantido nas Ilé Òrìsà, porém com o grave erro, o de fazer as mulheres deitarem-se colocando os seios no chão, que saliento, não é do costume do Povo Yorùbá.
O cumprimento, não está relacionado com o Òrìsà Olorí (dono da cabeça), mas está diretamente relacionado com a boa educação. Portanto que se compreenda que, é dever dos que mantém as Tradições do Povo Yorùbá exigir o respeito a quem de direito, mas é dever dos mais velhos zelar pelo bem estar daqueles que se submetem à ele.

Paó
O Paó (pronuncia = paô) é um gesto que serve como sinal de que se é preciso comunicar alguma coisa, mas não se pode falar. Isso ocorre muito no candomblé quando as iniciadas estão no roncó e não podem falar, daí batem com as palmas das mãos tentando dizer algo, se comunicar por algum motivo.
É usado também como saudação para orixá, e, é diferente de orixá para orixá. É uma palavra em yorubá que significa: “pa” = juntar uma coisa com outra; “o” = para cumprimentar… Essa palavra é uma contração de ìpatewó que significa aplauso.
O paó bate-se 3 vezes assim:
(3 palmas lentas)
3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
E depois a saudação.
3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
E depois a saudação.
É utilizado para pedir permissão para entrar, saudar e pedir licença.
Bater com as pontas dos dedos, no chão
Da mão esquerda, e depois cruzando os dedos com as palmas das mãos voltadas para o solo; Saudando Exu;
Da mão direita, depois tocando a fronte (Eledá), o lado direito da cabeça (Otum – 2º Orixá) e a Nuca (os Ancestrais); Saudando os orixás e guias;
Da mão direita 3 vezes e depois tocando a fronte, o lado direito da cabeça e a nuca, para saudar Obaluaiê.
Cumprimento Ombro a Ombro
Quando um Orixá cumprimenta um consulente ou um assistente com o bater de ombro, isto é sinal de igualdade, de fraternidade e grande amizade.
Tocar o chão e os nove planos.
Acreditavam os nagô que existiam nove espaços (planos) no além. Entre os quatro superiores e os quatro inferiores, havia um plano intermediário que se localizava (exatamente) no espaço ocupado por nosso planeta; esse seria o plano astral terrestre. Era através desse espaço que chegavam à Terra os orixás e ancestrais vindos dos vários outros planos.
Surgiam, pois, para os nagô, os orixás e ancestrais de dentro da Terra. Assim, quando desejam chamar os orixás, os nagôs tocavam três vezes os solo (após o nome do orixá ser pronunciado).
O solo diante dos tambores também era tocado (antes ou depois de tocarem com os dedos o próprio atabaque), afinal, quem chamava (através do som) os orixás eram os tambores.
O solo era sempre tocado três vezes; o três representa na cultura nagô ação, movimento, expansão … Tocar o solo três vezes era o gestual que significava o “assim seja”, o cumpra-se … Então quando, por exemplo, o nome de Ogum pronunciado, todos tocavam três vezes o solo; “assim seja”, “que Ogum venha até nós”…
No Brasil, os africanos, para consagrar o solo, para transformar o terreiro em uma pequena África, enterravam relíquias trazidas (da África) … transformando (ritualmente) o solo brasileiro em solo africano (”chão” dos seus orixás).
Tirar os sapatos
Os escravos, mesmo os que serviam de criados na Casa Grande, ainda que fossem uniformizados, não podiam usar sapatos. Os pés descalços eram um símbolo de usa condição “inferior”.
Os negros quando libertos, assim que podiam compravam um par de sapatos, uma demonstração (dentro dos valores da sociedade branca) de sua nova condição.
Entretanto, quando entravam em seus espaços sagrados, seus templos, pequenas Áfricas, deixavam aquele símbolo (os sapatos) na entrada. Afinal, estavam em solo africano (pequena África), ali os valores da sociedade branca nada significavam.
É claro que tem também a ver com respeito ao solo sagrado, acredito, mas essa outra perspectiva é muito interessante.
FONTE : Autor desconhecido
Nenhum comentário