AJAKA , AGANJÚ , GBARU E AFONJÁ SÃO TODOS ORISAS..????

analisamos...............
Voltando ao tema referente às qualidades de Orisa que são cultuados no candomblé brasileiro, falarei hoje a respeito de Sango quebrando alguns mitos com dados históricos referentes a Ajaká, Aganjú, Gbarú e Afonjá.
Sango, filho de Oranmiyan e Torosi, foi o quarto Alafin dos Yorubás e o único Eborá a ser divinizado e elevado à categoria de Orisa. Detentor de grande conhecimento de magias, utilizou desta habilidade para impor respeito aos seus súditos.
Sango reinou pelo período de 07 anos, sendo que a totalidade deste período foi marcada pela sua inquietude. Após deixar o reinado, foi sucedido por seu irmão Ajaká.
Ajaká, também filho de Oranmiyan não foi elevado à categoria de Orisa. Não foi divinizado. Antes da subida ao trono de Sango, Ajaká, por ser mais velho, teria sido coroado rei. Todavia, em função de seu temperamento dócil, foi retirado do poder, já que perdeu as forças sob seus súditos. Após Sango deixar o trono, Ajaká voltou ao governo, desta vez mais rigido e permaneceu no Poder.
Logo, temos como primeira conclusão que Ajaká era IRMÃO de Sango e não uma qualidade deste Orisa.
Com a saída de Ajaká do poder e como Sango não havia deixado descendentes, o Poder foi tomado por Aganjú, FILHO DE AJAKÁ e, portanto, SOBRINHO de Sango.
O reinado de Aganjú foi longo e próspero. Embelezou todo o reino e tinha a facilidade de domar animais selvagens. O fim de seu reinado se deu após uma batalha com um homônimo seu, que lutou para conseguir a mão da filha do Governante Aganjú.
Como segunda conclusão temos então que Aganjú não é uma qualidade ou caminho de Sango. Aganjú é simplesmente sobrinho de Sango e também não foi elevado à categoria de Orisa.
Após a queda de Aganjú do poder, seguiu-se o reinado de outros 16 Alafins, cuja relação poderá ser encontrada no final deste texto.
Já no ano de 1732, o que é muito recente em se falando de cultura Yorubá, encontramos o reinado de Gbaru. Seu reinado durou até o ano de 1738. Da mesma forma que os demais sucessores do trono após Sango, não há qualquer relato a respeito de que Gbaru foi elevado à categoria de Orisa. Não é portanto, qualidade ou caminho de Sango e pior ainda, nem seu parente foi.
Por fim, falarei agora a respeito de Afonjá.
Afonjá nunca foi governante do povo Yorubá. Afonjá foi o Kakanfo, o general do Exército, na cidade iorubá de Ilorin, durante o reinado de Awole e seu sucessor. Afonjá se recusou a reconhecer o novo rei, e convidou os Fulani que foram em seguida, levando uma jihad para o sul, para ajudá-lo contra o rei. Afonjá traiu o povo Yorubá mas não sobreviveu a si mesmo, porque os Fulani, depois de ajudar a derrotar o Alafin também se voltou contra ele. Os próprios Fulani atiraram diversas setas em sua direção e seu corpo foi dilacerado.
A traição do Afonjá, marcou o começo do fim do império Oyo e com ele o declínio da nação yorubá.
A guerra civil eclodiu entre os vários reinos yorubá: Oyo, Ijesa, Ekiti, Ijaiye, Abeokuta e Ibadan. Enquanto isso acontecia, Daomé sobre o oeste e o Borgu no norte também tiveram problemas para posar para os reinos iorubás, até a intervenção dos britânicos e da imposição do domínio colonial.
Aqueles que argumentam que não houve a consciência de uma identidade yorubá comum até o século 19 pode estar se referindo a esses episódios da guerra civil na vida da nação, causados pela TRAIÇÃO DE AFONJÁ.
Mas eles se esquecem que essas pessoas, apesar da guerra civil, compartilham de um sentido de origem comum e da linguagem comum. E é de notar que a chamada paz que lhe foi imposta pelos britânicos não poderia ter durado se não houvesse um sentido de consciência de vir de uma origem comum.
Portanto, todo declínio causado à cultura Yorubá, se deve primordialmente à Traição de Afonjá, que hoje é aqui neste País cultuado como se fosse Orisa, e pior ainda como se fosse uma qualidade ou caminho de Sangò. Inadimissível que ainda hoje, o responsável por todas as guerras civis no território Yorubá seja elevado à categoria de Rei e de Orisa utilizando-se do nome do verdadeiro rei Sango.
É certo também que assim como os Reis, os Traidores também possuem seguidores. E talvez, assim como um dia Afonjá, movido pela inveja, tenha tentado ser visto como um Rei seus seguidores tentem, ainda hoje, fazer com que outras pessoas o sigam, passando a falsa imagem que o traidor é Sango.
Alguns dos seguidores do traidor Afonjá ainda argumentam que o Afonjá deles seria um homônimo. Segundo relatos históricos, o único governante que possuiu homônimo foi Aganjú.
Conforme dito acima, segue agora a relação de todos os Alafins de Oyó:
1. Oranmiyan
2. Ajaka - foi destronado
3. Sango - tornou-se divinizado como o deus do trovão e relâmpago
4. Ajaka - re-instalado
5. Aganju
6. Kori
7. Oluaso
8. Onigbogi - evacuação realizada de Oyo-Ile, provavelmente por volta do
século 16 "Havia 36 outros reis após Onigbogi.
9. Ofiran - construiu a cidade de Shaki
11. Egunoju - fundador do Oyo Igboho
12. Orompoto - especula-se ser uma mulher
13. Ajiboyede -
14. ABIPA - 1570-1580
15.Obalokun - 1580-1600
16. Oluodo - Ele não foi sepultado em BARA (The Royal cemitério, daí o seu nome foi suprimido)
17. Ajagbo - 1600-1658
18.Odaranwu - 1658-1660
19. Kanran - 1660-1665
20. Jayin - (Nomeado o Awuyale primeiro Ijebu Ode) 1655-1670
21. Ayibi - 1678-1690
22. Osiyango - 1690-1698
23. Ojigi - 1698-1732
24. Gbaru - 1732-1738
25. Amuniwaye - 1738-1742
26. Onisile - 1742-1750
27. Labisi - 1750
28. Awonbioju - 1750
29. Agboluaje - (Festival Bere Celebrado) 1750-1772
30. Majeogbe - 1772-1775
31. Abiodun - (Festival Bere Celebrado) 1755-1805
32. AOLE
33. Adebo
34. Maku - 1802-1830
35. Majotu - (Ilorin dimensionada pelos Fulani)
36. Amodo - 1830
37. Oluewu - (queda de Oyo antigo) 1833-1834
38. Abiodun Atiba - (Fundador de Oyo atual, celebrada Bere Festival) 1837-1859
39. Adelu - 1858-1875
40. Adeyemi I - 1875-1905
41. Lawani Agogoija - 1905-1911
42. Ladigbolu - 15 de janeiro de 1911-dezembro 19, 1944
43. Adeniran Adeyemi II - 05 de janeiro de 1945-setembro 20, 1955
44. Bello Gbadegesin - (Ladigbolu II) 20 de julho de 1956-1968
45. Adeyemi III - (Presente Alaafin de Oyo e Chefe de terra iorubá) 14 de janeiro de 1971 até à data vigente.
Agbá kogbewá lesse Orisá !!
Ficarei velho aos pés do Orisá !!
Ficarei velho aos pés do Orisá !!
A semelhança das famílias de voduns, uma pratica jeje absorvida pelos yorubas, provavelmente no Brasil, todas essas divindades estão relacionadas as tempestades, ao fogo , a ação punitiva através do raio e a casa real de Oyó. Esse grupo de divindades, essa "família", são no Brasil encabeçadas por Xango, sendo então consideradas como qualidades ou aspectos desse preponderante orixá. Mesmo que dentre esse panteão, existam divindades muito antigas, tais como Oranfe, Jakuta e outros.
ResponderExcluirApesar de atualmente ser muito propagado que essas divindades citadas não serem Xangô, mas sim divindades independentes em sua origem, é de fundamental relevância ressaltamos que no Candomblé Brasileiro não existe um culto próprio e exclusivo para elas. Existirá sim, preceitos propiciatórios, fundamentos e particularidades que as diferenciarão. Que pode ser entendido como sendo resquícios, do seu culto original. No entanto, todas essas divindades, são cultuadas como sendo Xangô, ou um aspecto de Xangô. O que se enquadra perfeitamente no conceito das antigas Famílias de Voduns, do culto Jeje.
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